domingo, 9 de setembro de 2012

A cruz de cada dia - 1ª parte


Para seguirmos ao Senhor, temos que carregar a nossa própria cruz. Jesus nos diz: “Quem não carrega a sua cruz e me segue, não pode ser meu discípulo. (Lc 14,27). Um cristianismo sem cruz, seria vazio de sentido, sem redenção, sem salvação. Fugir da cruz é afastar-se da santidade e da alegria. São João da Cruz diz que se alguém deseja chegar a possuir Cristo, nunca o procure sem a cruz. O caminho da nossa santificação passa diarimente por ela. Mas não são poucas as vezes em que o nosso desejo é deixa-la de lado, tirar o peso que nos abate. Isso nos acontece porque quando olhamos para a cruz, muitas vezes olhamos com tristeza e pensamos apenas na dor, no sofrimento. Nos esquecemos de que a ela é sinal de vitória, de salvação.

Uma vez uma senhora protestante perguntou-me porque eu usava um cordão com uma cruz, pedurada ao peito. Que não deveria fazer isso, porque Jesus tinha sofrido e morrido ali. Mas pense bem, é por isso mesmo que exaltamos a Santa Cruz. E ao olhar para ela deveriamos nos lembrar sempre a que preço é que fomos resgatados, e ao mesmo tempo pensar a que preço é que temos nos vendido.

Jesus carregou a sua cruz sem murmurações, pois confiava no Pai, sabia que por trás de tudo havia algo maior. Se você acompanhou o programa anterior, mesmo com todos os problemas que houve na transmissão, deve se lembrar disto que estou falando agora. Existe algo de divino por trás de cada situação. Qual a cruz que você carrega neste momento, neste dia de hoje? As vezes poderemos encontrá-la numa grande dificuldade como uma doença grave, ou na morte de alguém querido. Outras vezes vamos encontrar a nossa cruz nas pequenas contrariedades que surgem no decorrer do nosso dia, com as pessoas com quem temos que conviver. Seja o que for, devemos recebe-la com espírito aberto, sem queixas, pois as queixas revelam a nossa rejeição a cruz. A cruz pequena ou grande, quando é bem acolhida, produz paz e alegria no meio da dor, algo que muitos não conseguem entender. Mas devemos nos lembrar que não estamos sozinhos. Deus está do nosso lado. Por vezes a dor que sentimos nos impede de enxergar isso. As vezes é tão grande que tira a nossa visão, e se você olhar apenas para a sua dor, deixará de ver a Cristo. Por isso meu irmão é que eu repito o quanto é importante lutarmos para vivermos na presença de Deus. Faça pequenos sacrificios, pois estas pequenas mortificações são de grande valor para vencermos a preguiça, o egoísmo, o desânimo... Nos ajudará a sorrir, mesmo que nos custe.

A alegria é uma característica essencial do Cristão, e ela surge de um coração que se sente amado por Deus e que por sua vez ama o Senhor. Os sofrimentos e tribulações pelos quais passamos por si só não transforma e nem purifica. Pode até até causar revolta e ódio. Porque muitos cristão se separam de Jesus quando chegam até Cruz? Porque queriam uma felicidade isenta de dor, puramente humana. Mas não podemos ser assim, é preciso acreditar que mesmo nas tribulações mais fortes, tudo concorre para o bem dos que amam a Deus.

Jesus nos conhece e nos ama como jamais alguém poderá nos conhecer e amar. Sabe das nossas fraquezas e necessidades, das nossas preocupações. Mas o Senhor ainda nos dá este conselho: Não vos inquieteis pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã terá suas próprias inquietações, a cada dia bastam os seus próprios cuidados. O ontem já passou e o amanhã nem sabemos se chegará, portanto o que importa é o hoje. Hoje é o dia que temos para amar, nos arrepender, nos santificar, seja lá qual for a cruz que você tenha que carregar. Com certeza a busca pela eficácia da santidade, consiste em vivermos cada dia como se fosse único. O dia de hoje não vai se repetir  por isso mesmo viva-o da melhor maneira possível.

Quantos de nós não consegue viver um só dia bem, porque está demasiado preocupado com o dia de amanhã e muitos não vêem o amanhã chegar. Portanto não andemos angustiados, pois a preocupação aumenta as dificuldades e diminui a nossa capacidade de cumprir o nosso dever no presente e assim acabamos por não viver nem o dia de hoje, nem o dia seguinte e vamos nos arrastando neste lamaçal de preocupações, e tudo nos irrita, a vida perde o brilho. Você acredita mesmo em Deus? No amor que Ele tem por você? Então me diz uma coisa: porque é que você está tão preocupado? Pode a mulher esquecer o seu filhinho e não amar o fruto do seu ventre? Mas mesmo que ela se esqueça, eu jamais te esquecerei.  Gente, eu não estou falando de qualquer um não, estou falando de Jesus Cristo, Rei dos reis, Aquele que deu a vida por mim e por você. Jesus nos amou até o fim, passou pela cruz. Morreu ali por cada um de nós, esmagado pelo peso dos nossos pecados. Abraçou-a, por três vezes caiu, mas se levantou e não havia nele culpa ou pecado algum. “Pai perdoai-lhes, eles não sabem o que fazem”, Jesus tenta nos justificar diante de Deus. Quantos de nós consegue dar o outro lado da face para que se bata? Muitos de nós quando se sente ofendido quer justiça, ou muitas vezes vingança. Só que Jesus nos ensinou o contrário, Jesus nos amou e nos ensinou a amar. Nós acreditamos em tantas coisas, mas quando se trata do amor que Deus tem por nós, parece que nos enchemos de dúvidas. Temos uma confiança desconfiada. Quando se fala de cruz então, aí é que nem queremos saber. Queremos a Cristo, mas negamos a cruz. Não existe Cristo sem cruz, nem cruz sem Cristo. Seja qual for a cruz que vocês estiver carregando agora, meu irmão, carregue-a com amor. Não reclame do tamanho, do peso, do tempo que a estar levando, apenas segure firme e carregue-a com amor e você verá Deus fazer o impossível. Não invente cruzes para você vivendo a incerteza e as preocupações do dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá suas próprias preocupações.

“Basta a Paixão de Cristo para servir de guia e modelo para toda a nossa vida”, dizia São Tomás de Aquino. Foram os nossos pecados que o levaram a cruz. Meditar a Paixão de Cristo nos ajudará a ter uma grande aversão ao pecado e sentiremos assim que o pecado não se reduz a um pequeno erro de ortografia: é crucificar, rasgar a marteladas as mãos de e os pés do Filho de Deus. Um pecado é muito mais que um erro humano.

Meditar sua Paixão nos ajudará, nos fortalecerá para que assim consigamos carregar a nossa própria cruz, sem murmurações. Nos animará a fugir da apatia, da preguiça, tornando a nossa alma mais mortificada.

Quantas são as contrariedades que se apresentam no nosso dia a dia e quantas vezes por não aceitação da cruz, nos afastamos de Deus. Quando nossos planos não são iguais aos planos de Deus, quão facilmente deixamos de olhar para Ele, de acreditar no seu amor. Porém quando for assim é aí que devemos abraçar a cruz, a vontade divina e dizer: Senhor, Tu o queres? Eu também quero.

Tudo o que nos parece contraditório, inexplicável enquadra-se nos planos de Deus, ainda que só venhamos a entender mais tarde ou na outra vida. Mas para descobrirmos Deus nestes momentos menos favoráveis é preciso estar seriamente despreendido de nós mesmos, porque o que nos parece um mal, talvez não o seja tanto. Somente o pecado é um mal absoluto. Se estivermos apenas olhando para nós mesmos, para os nossos problemas, a saúde, aquele projeto e não para a vontade divina, dificilmente veremos a Cristo e só veremos desgraças. Por vezes Jesus se apresenta por onde menos esperamos. Confia em Deus meu irmão, pois Ele não nos dá um fardo maior do que aquele que possamos carregar. Não tenha medo de abraçar a cruz, porque quem a encontrou, com certeza encontrou a Cristo.

 

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