Para seguirmos
ao Senhor, temos que carregar a nossa própria cruz. Jesus nos diz: “Quem não
carrega a sua cruz e me segue, não pode ser meu discípulo. (Lc 14,27). Um
cristianismo sem cruz, seria vazio de sentido, sem redenção, sem salvação.
Fugir da cruz é afastar-se da santidade e da alegria. São João da Cruz diz que
se alguém deseja chegar a possuir Cristo, nunca o procure sem a cruz. O caminho
da nossa santificação passa diarimente por ela. Mas não são poucas as vezes em
que o nosso desejo é deixa-la de lado, tirar o peso que nos abate. Isso nos
acontece porque quando olhamos para a cruz, muitas vezes olhamos com tristeza e
pensamos apenas na dor, no sofrimento. Nos esquecemos de que a ela é sinal de
vitória, de salvação.
Uma vez uma
senhora protestante perguntou-me porque eu usava um cordão com uma cruz,
pedurada ao peito. Que não deveria fazer isso, porque Jesus tinha sofrido e
morrido ali. Mas pense bem, é por isso mesmo que exaltamos a Santa Cruz. E ao
olhar para ela deveriamos nos lembrar sempre a que preço é que fomos
resgatados, e ao mesmo tempo pensar a que preço é que temos nos vendido.
Jesus carregou a
sua cruz sem murmurações, pois confiava no Pai, sabia que por trás de tudo
havia algo maior. Se você acompanhou o programa anterior, mesmo com todos os
problemas que houve na transmissão, deve se lembrar disto que estou falando
agora. Existe algo de divino por trás de cada situação. Qual a cruz que você
carrega neste momento, neste dia de hoje? As vezes poderemos encontrá-la numa
grande dificuldade como uma doença grave, ou na morte de alguém querido. Outras
vezes vamos encontrar a nossa cruz nas pequenas contrariedades que surgem no
decorrer do nosso dia, com as pessoas com quem temos que conviver. Seja o que
for, devemos recebe-la com espírito aberto, sem queixas, pois as queixas
revelam a nossa rejeição a cruz. A cruz pequena ou grande, quando é bem
acolhida, produz paz e alegria no meio da dor, algo que muitos não conseguem
entender. Mas devemos nos lembrar que não estamos sozinhos. Deus está do nosso
lado. Por vezes a dor que sentimos nos impede de enxergar isso. As vezes é tão
grande que tira a nossa visão, e se você olhar apenas para a sua dor, deixará
de ver a Cristo. Por isso meu irmão é que eu repito o quanto é importante
lutarmos para vivermos na presença de Deus. Faça pequenos sacrificios, pois
estas pequenas mortificações são de grande valor para vencermos a preguiça, o
egoísmo, o desânimo... Nos ajudará a sorrir, mesmo que nos custe.
A alegria é uma
característica essencial do Cristão, e ela surge de um coração que se sente
amado por Deus e que por sua vez ama o Senhor. Os sofrimentos e tribulações
pelos quais passamos por si só não transforma e nem purifica. Pode até até
causar revolta e ódio. Porque muitos cristão se separam de Jesus quando chegam
até Cruz? Porque queriam uma felicidade isenta de dor, puramente humana. Mas
não podemos ser assim, é preciso acreditar que mesmo nas tribulações mais
fortes, tudo concorre para o bem dos que amam a Deus.
Jesus nos
conhece e nos ama como jamais alguém poderá nos conhecer e amar. Sabe das
nossas fraquezas e necessidades, das nossas preocupações. Mas o Senhor ainda
nos dá este conselho: Não vos inquieteis pelo dia de amanhã,
porque o dia de amanhã terá suas próprias inquietações, a cada dia bastam os
seus próprios cuidados. O ontem já passou e o amanhã nem sabemos se
chegará, portanto o que importa é o hoje. Hoje é o dia que temos para amar, nos
arrepender, nos santificar, seja lá qual for a cruz que você tenha que
carregar. Com certeza a busca pela eficácia da santidade, consiste em vivermos
cada dia como se fosse único. O dia de hoje não vai se repetir por isso mesmo viva-o da melhor maneira
possível.
Quantos de nós
não consegue viver um só dia bem, porque está demasiado preocupado com o dia de
amanhã e muitos não vêem o amanhã chegar. Portanto não andemos angustiados,
pois a preocupação aumenta as dificuldades e diminui a nossa capacidade de
cumprir o nosso dever no presente e assim acabamos por não viver nem o dia de
hoje, nem o dia seguinte e vamos nos arrastando neste lamaçal de preocupações,
e tudo nos irrita, a vida perde o brilho. Você acredita mesmo em Deus? No amor
que Ele tem por você? Então me diz uma coisa: porque é que você está tão
preocupado? Pode a mulher esquecer o seu filhinho e não amar o fruto do seu ventre?
Mas mesmo que ela se esqueça, eu jamais te esquecerei. Gente, eu não estou falando de qualquer um
não, estou falando de Jesus Cristo, Rei dos reis, Aquele que deu a vida por mim
e por você. Jesus nos amou até o fim, passou pela cruz. Morreu ali por cada um
de nós, esmagado pelo peso dos nossos pecados. Abraçou-a, por três vezes caiu,
mas se levantou e não havia nele culpa ou pecado algum. “Pai perdoai-lhes, eles
não sabem o que fazem”, Jesus tenta nos justificar diante de Deus. Quantos de
nós consegue dar o outro lado da face para que se bata? Muitos de nós quando se
sente ofendido quer justiça, ou muitas vezes vingança. Só que Jesus nos ensinou
o contrário, Jesus nos amou e nos ensinou a amar. Nós acreditamos em tantas
coisas, mas quando se trata do amor que Deus tem por nós, parece que nos
enchemos de dúvidas. Temos uma confiança desconfiada. Quando se fala de cruz
então, aí é que nem queremos saber. Queremos a Cristo, mas negamos a cruz. Não
existe Cristo sem cruz, nem cruz sem Cristo. Seja qual for a cruz que vocês
estiver carregando agora, meu irmão, carregue-a com amor. Não reclame do
tamanho, do peso, do tempo que a estar levando, apenas segure firme e
carregue-a com amor e você verá Deus fazer o impossível. Não invente cruzes
para você vivendo a incerteza e as preocupações do dia de amanhã, pois o dia de
amanhã terá suas próprias preocupações.
“Basta a Paixão
de Cristo para servir de guia e modelo para toda a nossa vida”, dizia São Tomás
de Aquino. Foram os nossos pecados que o levaram a cruz. Meditar a Paixão de
Cristo nos ajudará a ter uma grande aversão ao pecado e sentiremos assim que o pecado não se reduz a um pequeno erro de
ortografia: é crucificar, rasgar a marteladas as mãos de e os pés do Filho de
Deus. Um pecado é muito mais que um erro humano.
Meditar sua
Paixão nos ajudará, nos fortalecerá para que assim consigamos carregar a nossa
própria cruz, sem murmurações. Nos animará a fugir da apatia, da preguiça, tornando
a nossa alma mais mortificada.
Quantas são as
contrariedades que se apresentam no nosso dia a dia e quantas vezes por não
aceitação da cruz, nos afastamos de Deus. Quando nossos planos não são iguais
aos planos de Deus, quão facilmente deixamos de olhar para Ele, de acreditar no
seu amor. Porém quando for assim é aí que devemos abraçar a cruz, a vontade
divina e dizer: Senhor, Tu o queres? Eu também quero.
Tudo o que nos parece contraditório,
inexplicável enquadra-se nos planos de Deus, ainda que só venhamos a entender
mais tarde ou na outra vida. Mas para descobrirmos Deus nestes momentos menos
favoráveis é preciso estar seriamente despreendido de nós mesmos, porque o que
nos parece um mal, talvez não o seja tanto. Somente
o pecado é um mal absoluto. Se estivermos apenas olhando para nós mesmos,
para os nossos problemas, a saúde, aquele projeto e não para a vontade divina,
dificilmente veremos a Cristo e só veremos desgraças. Por vezes Jesus se
apresenta por onde menos esperamos. Confia em Deus meu irmão, pois Ele não nos
dá um fardo maior do que aquele que possamos carregar. Não tenha medo de
abraçar a cruz, porque quem a encontrou, com certeza encontrou a Cristo.
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