A
ideia surgiu de repente. A peregrinação à Aparecida nunca foi um desejo
profundo, talvez fosse mais uma curiosidade. Mas no decorrer deste ano fui
vendo algumas situações, estando com pessoas que necessitavam de oração, de uma
intercessão.
A
partir daí surgiu não só o desejo, mas a determinação de ir ao Santuário de
Aparecida a pé.
Então
..."A 11 de agosto, lá de São José, partiram três doidas, mas com muita
fé! Ave, Ave, Ave Maria!":)
Lancei
a ideia e a adesão não foi grande, nada grande. Aquele questionamento sempre
existiu: será que vou dar conta? Será que consigo? Mas seu eu fosse ficar
parada na dúvida, ficaria apenas na vontade de fazer. Então resolvi não pensar
muito, mas rezar muito nesta intenção.
Comecei
a oferecer a Missa, o terço e fui colocando tudo nas mãos de Deus e Nossa Senhora.
Tínhamos um mês para nos preparar, e quanto mais se aproximava o dia, mais
problemas iam surgindo.
Da
adesão pequena, ainda tivemos três baixas. Erámos seis e ficamos apenas em
três. Comecei a ficar preocupada e mandei uma mensagem a Monique dizendo: se
sobrar só nós duas, você vai? Ela respondeu que sim. Então liguei para o meu
marido e perguntei: se todas desistirem, você vai comigo? rsrsrsrs
Fiquei também preocupada com Sarah que havia começado a ter problemas no joelho nos treinamentos. E qual não foi a minha alegria ao ouvir dela durante a caminhada, que mesmo com o joelho inchado, decidiu participar mesmo assim. E quando tomou esta decisão o joelho melhorou. Lição: quando você se decide por Deus, Ele também se decide por você e dá as graças necessárias.
O grande dia chegou e eu não dormi bem naquela noite, estava ansiosa demais pra isso. Acordei cedo e terminei de preparar as coisas e lá fui me encontrar com minhas companheiras de caminhada, Monique e Sarah. Combinamos de participar da Santa Missa no Alfa e de lá mesmo partiríamos. Padre Cesário celebrou a Missa e no final nos deu uma benção, que disse ser a benção dos pés. :)
Começamos a caminhar, continuamos a caminhar e nunca mais saíamos de São José. Daí eu pensei: se pra sair de São José tá demorando desse jeito, imagina pra chegar em Aparecida. rsrs
Hora rezávamos, hora conversávamos, hora caminhávamos em silêncio, mas em oração. Pouco antes do meio dia, o Herickson, esposo da Monique chegou para ser nosso apoio naquele dia. Almoçamos em Eugênio de Melo, descansamos um pouco, cuidamos dos pés, trocamos as meias e voltamos para a estrada. A parte da tarde sempre custa um pouco mais que a parte da manhã, mas o tempo estava bom e chegamos a paróquia Santo Antônio de Pádua pouco antes das 16 horas.
Lá nos receberam um casal muito simpático que eu conhecia apenas por telefone, seu Jacob e dona Neusa. Com quase 50 anos de casados, esse casal foi um grande exemplo pra nós. Foram sem dúvida duas pérolas que Deus colocou no nosso caminho. Quando chegamos tinham preparado um lanche e ela já tinha iniciado os preparativos para o jantar. O padre Décio veio lanchar e conversar um pouco conosco, enquanto a dona Neusa foi dar banho na mãe dele que sofre de Alzheimer e Parkinson. Foi, voltou e terminou de preparar o nosso jantar enquanto tomávamos banho e descansávamos um pouco.
Jantaram conosco, contaram um pouco da vida deles, dos netos (um deles apareceu durante o jantar, e dona Neusa só sossegou depois que o convenceu a comer rs). Ela também falou que não tinha dormido naquele noite porque ficou tomando conta da mãe do padre. Que tinha feito o almoço cedo, posto a mesa e avisou ao marido que iria dormir um pouco. Quando acordou, próximo das 14 horas, ele não tinha almoçado e questionando sobre o motivo ele disse: você sabe que não como sem você. Olhei para as minhas companheiras e sorrimos uma para a outra. Era quase que palpável o amor, o carinho e o respeito que um tinha pelo outro, e através do cuidado deles pude sentir o cuidado de Deus e Nossa Senhora por nós.
Fomos dormir e para nossa alegria havia camas!! Uma de casal no andar inferior e uma de solteiro no andar superior. Mas naquele momento estávamos mais unidas que a Santíssima Trindade, então colocamos os colchões na sala e dormimos uma do lado da outra.
Dormi bem o primeiro sono, o resto foi muito picado. Ao acordar e conversar com minhas companheiras, logo vi que a única que tinha dormido bem era a Monique. Que inveja!
Às 6:30 horas lá estavam o seu Jacob e a dona Neusa preparando o nosso café. Tomamos juntos aquela refeição e como o caminho naquele dia era longo, logo tivemos que nos despedir. Comecei a chorar, a Sarah olhou para o lado pra segurar as lágrimas também. O tempo com aqueles dois foi curto, mas profundo. Deram nos uma lição de bondade e desprendimento.
Entramos na igreja que já estava aberta e fomos falar com Jesus antes de sairmos. Às 7:30 horas partimos.
Estava um ótimo dia para caminhar e caminhamos por duas horas até fazermos a primeira parada e no momento que paramos, chegou o Nuno, meu marido, para nos apoiar naquele dia, juntamente com meu filho Filipe. Veio primeiro ver se estávamos bem e depois retornou para pegar nossas coisas na paróquia. Quando voltou perguntou se éramos realmente só três, porque tinha muita coisa. :)
E assim de cajado na mão e terço na outra, seguimos em frente. Ver placas de limite município ou paradas de ônibus, pra nós era motivo de grande alegria. Combinamos de almoçar no Taubaté Shopping e quando já estávamos na cidade, o Nuno disse: agora vocês estão perto, mais meia hora e chegam lá. Vou voltar a São José pra buscar o Mateus.
Hunf, só se for meia hora de carro. Vocês não tem noção de como demoramos pra chegar a esse shopping.
Finalmente depois de um longo tempo chegamos, almoçamos, descansamos e toca a cuidar dos pés, afinal, ainda precisaríamos muito deles.
Por volta das 14 horas voltamos a caminhar. Foi uma tarde longa e difícil e demoramos para atravessar a cidade. Ás vezes eu dizia: vamos lá meninas, vamos cantar aquela música pra animar: o povo de Deus no deserto andava... rsrsrs e seguíamos. A cada nova cidade que conseguíamos chegar era uma vitória. Passamos pelos presídios em Tremembé rezando o terço e nessa altura o cansaço já era muito grande. Pedi orações e rezei pedindo forças a Deus. Pensei em entrar no carro de apoio e terminar o trajeto, pensei que não aguentaria, que tudo aquilo era loucura... Daí me lembrei que o Nuno sempre disse que não é força física que te faz chegar, é a fé.
Realmente força física eu já não tinha, mas tinha fé e essa fé me fez dar um passo após o outro. Pensar no amor que Deus tem por mim me fez seguir adiante, pensar nas pessoas que me pediram oração e naquelas por quem eu tinha me proposto rezar me fez continuar. Cada buzinada de carro, cada aceno, cada "Deus te abençoe", "Deus te acompanhe", cada incentivo dos nossos maridos e daqueles que ainda nos receberiam, nos ajudava a manter o passo. E assim, pouco antes das 18horas, lá estávamos com a família do seu Zé Roberto e dona Vanda.
Fomos muito bem recepcionadas, eles tinham preparado um "pequeno" lanchinho. A mesa era farta. Era visível que haviam preparado tudo com muito carinho e zelo.
A seguir fomos tomar banho e depois toca a comer novamente. Uma lasanha maravilhosa e depois sobremesa. Enquanto conversávamos com a dona Vanda e sua filha, seu Zé Roberto lavava a louça. Dona Vanda nos mostrou suas peças de artesanato. Coisas lindas!! Por volta então das 22 horas fomos dormir. Eu literalmente apaguei.
Às 6 horas da manhã meu despertador tocou e eu não tinha vontade alguma de me levantar. Meu corpo clamava por mais algumas horas na cama. Nos vestimos e fomos tomar café. Quando seu Zé Roberto se juntou a nós, demos um grande abraço nele, era dia dos pais. E dirigindo-se a esposa, olhou pra nós e disse: só sou pai porque esta mulher aceitou ser mãe. E deu um beijo na esposa. Achei lindo e suspirei!
Depois fomos para a Missa e conhecemos o padre Joaquim. Ofereceram a Missa por nós e no final o padre chamou seu Zé Roberto que nos apresentou a comunidade. Voltamos, trocamos a roupa, arrumamos as coisas e às 10 horas partimos. Eu como sempre, debaixo de lágrimas. Haviam ainda 34km a serem percorridos. Nuno e o Snard, esposo da Sarah já haviam chegado para nos acompanhar.
Ao contrário dos outros dias, o sol estava forte. Próximo ao meio dia paramos para almoçar e às 13 horas já estávamos na estrada outra vez. Muito sol, pouca sombra, pernas dando sinais de exaustão. O Nuno e o Snard apareceram com picolés, o que nos alegrou bastante.
Houve um momento em que a Sarah começou a sentir-se mal, e meus pés começaram a fazer bolhas. O Nuno dizia: essa é a hora da provação. A Sarah precisou de remédios e eu não ousei tirar o tênis do pé, não valia a pena. Perguntei a Sarah se ela queria ir no carro de apoio até o remédio fazer efeito, mas a guerreira disse que não.
Passamos por Moreira Cesar e chegamos a Roseira. Já não pisava direito no chão. Caminhava em silêncio e pensava na Cruz de Cristo e repetia: assim como o Senhor por amor não desistiu da cruz, por amor eu também não desistirei. Caminhava não sei como e oferecia aquelas dores.
Houve uma hora, acho que pra poder puxar por nós, o Nuno disse que chegaríamos lá pelas 20 horas e que nem sabia se o Santuário estaria aberto. rsrsrsrs
Chegamos à Aparecida. Entramos na cidade, mas ainda era preciso chegar ao Santuário. Havia aquelas placas pra animar romeiro dizendo: você está a 3km, 2km...mas naquela altura já estávamos expert em distância e sabíamos que era mentira.
Os três maridos já estavam lá nos dando força, nos incentivando nos últimos passos. Entramos no estacionamento e caminhávamos tão rápido que o Snard disse: tá difícil de acompanhar vocês.
E finalmente, de braços dados, nós três entramos no Santuário. Difícil descrever a emoção, não foi como das outras vezes.
Fomos até o Santíssimo e em seguida até a imagem. Ali de joelhos, chorando muito, só conseguia dizer: Mãe cheguei, Mãe estou aqui. Permanecemos ali um certo tempo. Coloquei no colo da Mãe todas as intenções, clubes, colégio, pessoas, situações, vocações...Não ousei pedi nada por mim, porque olhando para aquela longa jornada, sabia que já tinha recebido muito mais do que aquilo que eu poderia desejar.
Por amor não desistimos desta santa loucura! Obrigada meu Deus, obrigada minha Nossa Senhora Aparecida por essa longa jornada.
Entramos na igreja que já estava aberta e fomos falar com Jesus antes de sairmos. Às 7:30 horas partimos.
Estava um ótimo dia para caminhar e caminhamos por duas horas até fazermos a primeira parada e no momento que paramos, chegou o Nuno, meu marido, para nos apoiar naquele dia, juntamente com meu filho Filipe. Veio primeiro ver se estávamos bem e depois retornou para pegar nossas coisas na paróquia. Quando voltou perguntou se éramos realmente só três, porque tinha muita coisa. :)
E assim de cajado na mão e terço na outra, seguimos em frente. Ver placas de limite município ou paradas de ônibus, pra nós era motivo de grande alegria. Combinamos de almoçar no Taubaté Shopping e quando já estávamos na cidade, o Nuno disse: agora vocês estão perto, mais meia hora e chegam lá. Vou voltar a São José pra buscar o Mateus.
Hunf, só se for meia hora de carro. Vocês não tem noção de como demoramos pra chegar a esse shopping.
Finalmente depois de um longo tempo chegamos, almoçamos, descansamos e toca a cuidar dos pés, afinal, ainda precisaríamos muito deles.
Por volta das 14 horas voltamos a caminhar. Foi uma tarde longa e difícil e demoramos para atravessar a cidade. Ás vezes eu dizia: vamos lá meninas, vamos cantar aquela música pra animar: o povo de Deus no deserto andava... rsrsrs e seguíamos. A cada nova cidade que conseguíamos chegar era uma vitória. Passamos pelos presídios em Tremembé rezando o terço e nessa altura o cansaço já era muito grande. Pedi orações e rezei pedindo forças a Deus. Pensei em entrar no carro de apoio e terminar o trajeto, pensei que não aguentaria, que tudo aquilo era loucura... Daí me lembrei que o Nuno sempre disse que não é força física que te faz chegar, é a fé.
Realmente força física eu já não tinha, mas tinha fé e essa fé me fez dar um passo após o outro. Pensar no amor que Deus tem por mim me fez seguir adiante, pensar nas pessoas que me pediram oração e naquelas por quem eu tinha me proposto rezar me fez continuar. Cada buzinada de carro, cada aceno, cada "Deus te abençoe", "Deus te acompanhe", cada incentivo dos nossos maridos e daqueles que ainda nos receberiam, nos ajudava a manter o passo. E assim, pouco antes das 18horas, lá estávamos com a família do seu Zé Roberto e dona Vanda.
Fomos muito bem recepcionadas, eles tinham preparado um "pequeno" lanchinho. A mesa era farta. Era visível que haviam preparado tudo com muito carinho e zelo.
A seguir fomos tomar banho e depois toca a comer novamente. Uma lasanha maravilhosa e depois sobremesa. Enquanto conversávamos com a dona Vanda e sua filha, seu Zé Roberto lavava a louça. Dona Vanda nos mostrou suas peças de artesanato. Coisas lindas!! Por volta então das 22 horas fomos dormir. Eu literalmente apaguei.
Às 6 horas da manhã meu despertador tocou e eu não tinha vontade alguma de me levantar. Meu corpo clamava por mais algumas horas na cama. Nos vestimos e fomos tomar café. Quando seu Zé Roberto se juntou a nós, demos um grande abraço nele, era dia dos pais. E dirigindo-se a esposa, olhou pra nós e disse: só sou pai porque esta mulher aceitou ser mãe. E deu um beijo na esposa. Achei lindo e suspirei!
Depois fomos para a Missa e conhecemos o padre Joaquim. Ofereceram a Missa por nós e no final o padre chamou seu Zé Roberto que nos apresentou a comunidade. Voltamos, trocamos a roupa, arrumamos as coisas e às 10 horas partimos. Eu como sempre, debaixo de lágrimas. Haviam ainda 34km a serem percorridos. Nuno e o Snard, esposo da Sarah já haviam chegado para nos acompanhar.
Ao contrário dos outros dias, o sol estava forte. Próximo ao meio dia paramos para almoçar e às 13 horas já estávamos na estrada outra vez. Muito sol, pouca sombra, pernas dando sinais de exaustão. O Nuno e o Snard apareceram com picolés, o que nos alegrou bastante.
Houve um momento em que a Sarah começou a sentir-se mal, e meus pés começaram a fazer bolhas. O Nuno dizia: essa é a hora da provação. A Sarah precisou de remédios e eu não ousei tirar o tênis do pé, não valia a pena. Perguntei a Sarah se ela queria ir no carro de apoio até o remédio fazer efeito, mas a guerreira disse que não.
Passamos por Moreira Cesar e chegamos a Roseira. Já não pisava direito no chão. Caminhava em silêncio e pensava na Cruz de Cristo e repetia: assim como o Senhor por amor não desistiu da cruz, por amor eu também não desistirei. Caminhava não sei como e oferecia aquelas dores.
Houve uma hora, acho que pra poder puxar por nós, o Nuno disse que chegaríamos lá pelas 20 horas e que nem sabia se o Santuário estaria aberto. rsrsrsrs
Chegamos à Aparecida. Entramos na cidade, mas ainda era preciso chegar ao Santuário. Havia aquelas placas pra animar romeiro dizendo: você está a 3km, 2km...mas naquela altura já estávamos expert em distância e sabíamos que era mentira.
Os três maridos já estavam lá nos dando força, nos incentivando nos últimos passos. Entramos no estacionamento e caminhávamos tão rápido que o Snard disse: tá difícil de acompanhar vocês.
E finalmente, de braços dados, nós três entramos no Santuário. Difícil descrever a emoção, não foi como das outras vezes.
Por amor não desistimos desta santa loucura! Obrigada meu Deus, obrigada minha Nossa Senhora Aparecida por essa longa jornada.
Tem a fase da alegria, da reflexão, da emoção, do desespero e da fé!!!
ResponderExcluirComo outro diz, durante a peregrinação a Aparecida fiz e desfiz todos os planos para a minha vida!