segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Ora e labora

Que toda criatura se torne reflexo de vossa bondade, Senhor!

Li hoje este texto, de um informativo que recebo do Mosteiro da Ressurreição. Achei interessante e partilho com vocês!

Numa tarde de primavera, estava eu trabalhando feliz no jardim do nosso Mosteiro da Ressurreição, quando fui saudado por um visitante muito animado e interessado em saber como vivíamos nesse ambiente de paz quase palpável, envoltos em Deus, ou melhor, Deus tão envolto em nós como uma belíssima e misteriosa névoa matutina, tão presente e ao mesmo tempo intocável.
Naquele mesmo instante soou o sino das dezessete horas, e o visitante, mais que depressa, perguntou-me: Este sino está convidando os monges a orar ou trabalhar? É para o “Ora” ou para o “Labora”? Respondi-lhe docemente que segundo a Tradição monástica, o monge deve estar sempre em oração, de acordo com a primeira Epístola aos Tessalonicenses, 5,17 que nos pede “orai sem cessar”.
Então o visitante ficou confuso e meio que sem jeito perguntou-me: “Mas vocês só rezam”? Respondi-lhe dizendo que rezamos e trabalhamos; e não só isso, pois também temos momentos de convivência fraterna e momentos de recolhimento, fazemos as refeições, lavamos a louça, as roupas, limpamos o mosteiro, trabalhamos na terra, cuidamos dos animais, atendemos e orientamos as pessoas que nos procuram, pintamos ícones, fabricamos velas, cozinhamos e realizamos tantos outros trabalhos, muitos deles tão discretos e eficazes, visto somente por Deus.
Muito mais alegre fiquei quando percebi o rosto admirado e alegre daquele visitante, não podendo esconder sua emoção ao dizer: “Então vocês são pessoas normais”? Num sorriso descontraído, perguntei-lhe o que ele entendia por “normal”. A resposta veio de maneira espontânea:”Homens, e não anjos”. Ao ouvir sua resposta, veio-me muito forte a passagem do Livro do Gênesis 1,26 “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança”, do Evangelho segundo João 1, 14 “E o verbo se fez carne e habitou entre nós”, e da primeira Epístola de João 4,8 “Deus é amor”.
Deus pensou com carinho no ser humano, criou-o à sua imagem, ou seja, colocou no homem a sua essência: Amor. E soprou em suas narinas o hálito vital, o acompanhou e o sustentou durante a História da Salvação e, por fim, enviou seu único Filho para dar sua vida em resgate do homem. Deus se fez homem para divinizar o homem, pois quanto mais humano, mais divino.
O visitante ficou impressionado! Tantos véus se lha caíam da face, tantas histórias de mosteiros e conventos inventadas e transmitidas por seus antepassados eram-lhe desfeitas num pequeno momento de conversa com um monge. Cheio de coragem, ele perguntou:”Mas como vocês vivem aqui? Como é o dia a dia de vocês?
Respondi-lhe dizendo que o nosso dia é bastante longo; normalmente nos levantamos às 4 horas da madrugada e às 4h20 min iniciamos o nosso primeiro momento de oração, chamado de Vigílias, por ser celebrado de madrugada, nas vigílias da noite, onde, segundo a Tradição monástica, o Senhor Jesus voltará de madrugada; e assim encontrará os monges, orando na Igreja do Mosteiro. Durante todo o dia, temos mais seis momentos de oração na capela e assim passamos o dia entre trabalho e oração, recolhimento, leitura e convívio com os irmãos de hábito.
“Vocês levantam-se às 4 horas da manhã?”! “Sim”, respondi-lhe prontamente. E ele continuou: “É fácil para você se levantarão cedo”? Sorrindo, respondi-lhe com sinceridade: “Não”! Ele riu, compreendendo que tudo na vida exige um querer, um esforço pessoal. Então ele perguntou-me: “O que mais lhe toca ao celebrar as Vigílias”? “Fico sempre tocado pelas orações lidas pelo hebdomadário logo após o hino, onde muitas delas fazem menção de toda a humanidade, com suas lutas, seus esforços, seus medos, suas conquistas. Mas uma delas me chama muito a atenção, que é a oração da quinta-feira da primeira semana, que reza assim: “Pai de bondade, vigiai sobre vossos filhos ainda mergulhados na noite; que ninguém se esquive do vosso olhar de misericórdia, mas que toda criatura torne-se reflexo de vossa bondade, em Jesus, o Cristo, vosso Filho e nosso irmão, na unidade do Espírito Santo”.
Então o visitante confidenciou-me que estava sedento de Deus, que não sentia o chamado à vida monástica, mas que gostaria de aprender a orar sem cessar e assim transformar e santificar seus momentos de trabalho e dar mais qualidade aos momentos de lazer com a família. Foi então que lhe recomendei a leitura de um pequeno livro, mas muito profundo sobre a oração e o trabalho, com o título “Orar e trabalhar”, escrito por Anselmo Grun e Fidelis Ruppert. O visitante despediu-se com um abraço afetuoso e seguiu seu caminho com uma esperança viva e alegre de poder beber um pouco da espiritualidade beneditina, tirada da Sagrada Escritura, e assim dar mais sabor a sua vida, sendo sempre mais aquilo que Deus é: Amor e bondade.

Dom Adalberto Savicki, OSB



domingo, 15 de setembro de 2013

Nossa Senhora das Dores

I. FAZEI, Ó MÃE, fonte de amor, / que eu sinta a tua dor / para contigo chorar. / Fazei arder o meu coração / por Cristo Deus na sua Paixão, / a fim de que mais viva nEle que comigo1.
O Senhor quis associar a sua Mãe à obra da Redenção, fazendo-a participar da sua dor suprema. Ao celebrar hoje esse sofrimento corredentor de Maria, a Igreja convida-nos a oferecer pela nossa salvação e pela de todos os homens as mil dores da vida, quase sempre pequenas, bem como as mortificações voluntárias.
Maria, associada à obra de salvação de Jesus, não sofreu apenas como uma boa mãe que contempla o seu filho nos maiores sofrimentos, até que morre. A sua dor tem o mesmo caráter que a de Jesus: é uma dor redentora. O sofrimento da Escrava do Senhor, dAquela que é puríssima e cheia de graça, eleva os seus atos a tal ponto que todos eles, em união profundíssima com o seu Filho, adquirem um valor quase infinito.
Nunca compreenderemos totalmente a grandeza do amor de Maria por Jesus, causa das suas dores. Por isso, a Liturgia aplica à Virgem dolorosa, como ao próprio Jesus, as palavras do profeta Jeremias: Ó vós todos que passais por aqui, olhai e vede se há dor como a minha dor2.
A dor de Nossa Senhora foi imensa devido à sua eminente santidade. O seu amor por Jesus permitiu-lhe sofrer os padecimentos do seu Filho como próprios: “Se rasgam com açoites o corpo de Jesus, Maria sente todas essas feridas; se lhe atravessam com espinhos a cabeça, Maria sente-se dilacerada pela ponta desses espinhos; se lhe apresentam fel e vinagre, Maria experimenta todo esse amargor; se lhe estendem o corpo sobre a cruz, Maria sofre toda essa violência”3. Quanto mais se ama uma pessoa, mais se sente a sua perda. “Mais aflige a morte de um irmão que a de um irracional, mais a de um filho que a de um amigo. Pois bem [...], para compreendermos quão grande foi a dor de Maria na morte do seu Filho, teríamos que conhecer a grandeza do seu amor por Ele. Mas quem poderá alguma vez medir esse amor?”4
A maior dor de Cristo – a que o sumiu numa profunda agonia no horto de Getsêmani, a que o fez sofrer como nenhuma outra – foi o conhecimento profundo do pecado como ofensa a Deus e da sua maldade diante da santidade de Deus. E a Virgem penetrou e participou mais que nenhuma criatura desse conhecimento da maldade e da fealdade do pecado. O seu coração sofreu uma angústia mortal causada pelo horror ao pecado, aos nossos pecados. Maria viu-se submersa num mar de dor. “E já que cada um de nós contribuiu para acrescentá-la, não devemos compadecer-nos e procurar reparar as feridas infligidas ao Coração de Maria e ao Coração de Jesus?”5
II. ATRAVÉS DE MARIA e de José, as criaturas que mais amou nesta terra, o Senhor parece ter querido ensinar-nos que a felicidade e a eficácia não estão nunca longe da Cruz. E se bem que toda a vida de Nossa Senhora esteve, junto com a do seu Filho, orientada para o Calvário, há contudo um momento especial em que lhe é revelada com particular clareza a sua participação nos sofrimentos do Messias, seu Filho. Maria, acompanhada de José, foi ao Templo para se purificar de uma mancha legal que não tinha contraído e para oferecer o seu Filho ao Altíssimo. Nessa imolação que fazia de Jesus, vislumbrou a imensidade do sacrifício redentor, conforme tinha sido profetizado. Mas Deus quis também revelar-lhe por meio de um homem justo, Simeão, a profundidade desse sacrifício e a sua participação nele. Movido pelo Espírito Santo, Simeão disse-lhe: Eis que este menino está posto para ruína e para ressurreição de muitos em Israel, e para ser sinal de contradição. E uma espada trespassará a tua alma, a fim de se descobrirem os pensamentos escondidos nos corações de muitos6.
As palavras dirigidas a Maria anunciam claramente que a sua vida estaria intimamente unida à obra do seu Filho. “O anúncio de Simeão – comenta João Paulo II – apresenta-se como um segundo anúncio a Maria, pois indica-lhe a dimensão histórica concreta em que o Filho cumpriria a sua missão, ou seja, na incompreensão e na dor [...]. Revela-lhe também que Ela teria de viver a sua obediência de fé no sofrimento, ao lado do Salvador que sofre, e que a sua maternidade seria obscura e marcada pela dor”7.
O Senhor não quis evitar à sua Mãe a aflição de uma fuga precipitada para o Egito, quando talvez já estivesse instalada numa modesta casa de Belém e começasse a gozar, com José, de uma vida familiar em torno de Jesus. Não a dispensou do exílio numa terra estranha, nem de ter que recomeçar a vida com as poucas coisas que tinha podido reunir naquela viagem apressada... E depois de terem regressado a Nazaré, não a poupou da angústia daqueles dias em que teve de procurar Jesus que se deixara ficar em Jerusalém, à idade de doze anos! E, mais tarde, os anos do ministério público do Senhor foram para Ela uma sucessão contínua de preocupações, à medida que tinha notícia da má vontade e dos ataques dos judeus, numa oposição cada vez mais cerrada... Por último, sobrevieram os acontecimentos da Paixão, em ritmo alucinante, que a Virgem acompanhou ou presenciou de coração despedaçado: as humilhações ao longo do processo, a flagelação, os gritos que pediam a condenação do seu Filho à morte, a solidão e o abandono em que o vê, o encontro no caminho do Calvário... Quem poderá jamais compreender a imensidão da dor que invadiu o coração da Santíssima Virgem?... Ali está Nossa Senhora... Vê como pregam o seu Filho na Cruz... E depois os insultos, a longa agonia de um crucificado... Oh! Quão triste e aflita / entre todas a Mãe bendita, / que só tinha aquele Filho! / Que angústia não sentia / a Mãe piedosa ao ver / as penas do seu Filho! / Quem poderia não chorar, / contemplando a Mãe de Cristo / em tão cruel suplício? / Quem não se entristeceria / vendo a Mãe assim / sofrer com o seu Filho?8
Ao considerarmos que os nossos pecados não são alheios a essa dor da nossa Mãe, mas parte ativa, pedimos-lhe hoje que nos ajude a unir-nos aos seus sofrimentos, a sentir um profundo horror pela menor ofensa a Deus, a ser mais generosos na reparação das nossas faltas e das que se cometem todos os dias no mundo.
III. A FESTA DE HOJE convida-nos a aceitar os sofrimentos e contrariedades da vida para purificarmos o coração e corredimirmos com Cristo. A Virgem ensina-nos a não nos queixarmos dos nossos males, pois Ela nunca o fez; anima-nos a uni-los à Cruz redentora do seu Filho e a convertê-los num bem para a nossa família, para a Igreja, para toda a humanidade.
A dor que teremos de santificar consistirá freqüentemente numa soma de pequenas contrariedades diárias: esperas que se prolongam, mudanças de planos, projetos que não se realizam... Noutras ocasiões, apresentar-se-á sob a forma de pobreza, de perda progressiva do nível de vida a que se estava acostumado, e quantas vezes até de falta do necessário. E essa pobreza será um grande meio para nos unirmos mais a Cristo, para imitá-lo no seu desprendimento absoluto das coisas, mesmo das mais imprescindíveis. Olharemos então para a Virgem no Calvário, no momento em que despojam o seu Filho daquela túnica que Ela tecera com as suas mãos, e acharemos consolo e forças para prosseguirmos a nossa caminhada com paz e serenidade.Pode sobrevir-nos também a doença, e pediremos a graça de aceitá-la como um tesouro, como uma carícia de Deus, e de mostrar-nos agradecidos pelo tempo em que talvez não tenhamos sabido apreciar plenamente o dom da saúde. A doença, em qualquer das suas formas – mesmo psíquica –, pode ser a “pedra de toque” que comprove a solidez do nosso amor ao Senhor e da nossa confiança nEle. Enquanto estamos doentes, podemos crescer mais rapidamente nas virtudes, principalmente nas teologais: na , pois aprendemos a ver nesse estado a mão providente do nosso Pai-Deus; na esperança, pois sempre estamos nas mãos do Senhor, especialmente quando nos sentimos mais fracos e necessitados; na caridade, oferecendo a dor, sendo exemplares na alegria com que amamos essa situação que Deus quer ou permite para nosso bem.Freqüentemente, o lado mais difícil da doença é a forma em que se apresenta: “a sua inusitada duração, a impotência a que nos reduz, a dependência a que nos obriga, o mal-estar que provém da solidão, a impossibilidade de cumprirmos os deveres de estado... Todas essas situações são duras e angustiantes para a nossa natureza. Apesar de tudo, e depois de termos empregado todos os meios que a prudência aconselha para recuperarmos a saúde, temos de repetir com os santos: «Ó meu Deus! Aceito todas essas modalidades: o que quiseres, quando quiseres e como quiseres»”9. Pediremos a Deus mais amor e dir-lhe-emos devagar, com um completo abandono: “Tu o queres, Senhor?... Eu também o quero!”10
Sempre que o fardo nos pareça excessivamente pesado para as nossas poucas forças, recorreremos a Santa Maria pedindo-lhe auxílio e consolo, “pois Ela continua a ser a amorosa consoladora de tantas dores físicas ou morais que afligem e atormentam a humanidade. Ela conhece bem as nossas dores e as nossas penas, pois também sofreu desde Belém até o Calvário: uma espada trespassará o teu coração. Maria é a nossa Mãe espiritual, e uma mãe sempre compreende os seus filhos e os consola nas suas necessidades.“Por outro lado, Ela recebeu de Jesus na Cruz a missão específica de amar-nos, de só e sempre amar-nos para nos salvar. Maria consola-nos sobretudo mostrando-nos o crucifixo e o paraíso [...].“Ó Mãe Consoladora, consolai-nos, fazei que todos compreendamos que a chave da felicidade está na bondade e no seguimento fiel do vosso Filho Jesus”11.

Falar com Deus
Francisco Fernadez Carvajal

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Novena a Santa Terezinha

Oração

Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, eu Vos agradeço todos os favores e todas as graças com que enriquecestes a alma de vossa serva Santa Teresinha do Menino Jesus, durante os 24 anos que passou na terra.
E pelos méritos de tão querida Santinha, concedei-me a graça que ardentemente Vos peço (faça aqui o pedido) se for conforme a vossa santíssima vontade e para a salvação de minha alma.

Reza-se em seguida 24 vezes: "Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, assim como era no princípio, agora e sempre, por todos os séculos e séculos, amém." Santa Terezinha do Menino Jesus, rogai por nós.


Rezar 1 Pai-Nosso, 1 Ave Maria


segunda-feira, 27 de maio de 2013

Que eu veja

Todos os milagres que Cristo fez, nos corpos ou nos elementos materiais, simbolizam os que Ele faz nas almas mediante a graça do Espírito Santo. Por isso, São João chama sinais os milagres de Jesus.
Dentre eles, as curas dos cegos simbolizam a luz da fé que Cristo traz aos olhos da alma. Assim o lembrava Bento XVI na homilia de encerramento do Sínodo dos Bispos, em 28 de outubro de 2012: "Sabemos que a condição de cegueira tem um significado denso nos Evangelhos. Representa o homem que tem necessidade da luz de Deus – a luz da fé – para conhecer verdadeiramente a realidade e caminhar pela estrada da vida".
Vejamos brevemente o sinal da cura do cego de Jericó, a que o Papa se refere nessa homilia. Estava Jesus de passagem pela cidade de Jericó. À porta da cidade, achava-se um mendigo cego chamado Bartimeu, pedindo esmola. Ouvindo a multidão que passava – acompanhando Jesus –, perguntou o que havia. Responderam-lhe: “É Jesus de Nazaré que passa”. Ele, então, exclamou: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim” (Lc 18,36-38).
Quando os olhos da alma estão cegos e não vemos a luz de Deus, somos semelhantes a Bartimeu. Só temos noções imperfeitas das coisas da vida e do mundo: somos cegos, ainda que pensemos que enxergamos tudo bem; ficamos parados, ainda que creiamos que avançamos rumo à realização; não conseguimos usufruir os verdadeiros bens e belezas da vida, por mais que procuremos espremer os prazeres até a última gota; e não percebemos que tudo o que apanhamos não passa de migalhas de «mendigo do sentido da vida»…
Podemos dizer que estamos satisfeitos? Não é verdade que, muitas vezes, na solidão e no silêncio, temos vontade de chorar sem saber o porquê, pois sentimos um estranho vazio, uma pobreza interior, uma escuridão inexplicável? Talvez Santo Agostinho possa projetar luz sobre a nossa amarga cegueira. Lembremo-nos só das palavras que citávamos na meditação anterior: «Fizeste-nos, Senhor, para ti, e o nosso coração estará inquieto enquanto não descansar em ti».
O Catecismo da Igreja Católica, que Bento XVI aconselha como chave-de-luz para este Ano da Fé, diz uma grande verdade: «O desejo de Deus está inscrito no coração do homem, já que o homem é criado por Deus e para Deus; e Ele não cessa de atrair o homem a si e somente no Senhor o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar» (n. 27).

O primeiro passo para sairmos da cegueira que frustra o coração consiste em não sufocar o desejo de Deus que todos nós temos, desperto ou abafado, no fundo da alma; isso seria arrancar as nossas próprias raízes. Para tanto, precisamos a humildade de reconhecer a nossa indigência: «Condição essencial – dizia o Papa na homilia citada – é reconhecer-se cego, necessitado dessa luz; caso contrário, permanece-se cego para sempre (cf. Jo 9,34-41)».
Bartimeu desejava ardentemente ver: pediu, insistiu, e não parou até conseguir que Jesus o atendesse. “Que queres que te faça?” – Respondeu-lhe: “Senhor, que eu veja”. Jesus lhe disse: “Vê: a tua fé te salvou”. E imediatamente ficou vendo, e seguia Jesus, glorificando a Deus (Lc 18,41-43). Você não quer pedir “Faz com que eu veja”? Creia que não há ninguém que o tenha pedido com sinceridade e tenha ficado sem uma resposta. 
Santo Agostinho, antes da conversão, rezava assim: «A ti, meu Deus, elevam-se meus suspiros, e peço-te uma e outra vez asas para subir até ti. Se tu me abandonares, logo a morte se abaterá sobre mim…» (Solilóquios, n.6). Pedia, porque reconhecia que precisava de Deus, ainda que não tivesse a coragem de abraçar a fé e de seguir-lhe o caminho. Da mesma forma, São Clemente de Alexandria, que o Papa cita, fazia a seguinte oração: «Até agora andei errante na esperança de encontrar Deus, mas porque tu me iluminais, ó Senhor Jesus, encontro Deus por meio de ti, e de ti recebo o Pai, torno-me herdeiro contigo, porque não te envergonhaste de me ter por irmão. Cancelemos, portanto, cancelemos o esquecimento da verdade, a ignorância…
Nos tempos modernos, vale a pena evocar a conversão do Beato Charles de Foucauld. Esse aristocrata ateu foi um devasso esbanjador; estudou a carreira militar na Academia de Saint Cyr, e foi oficial, explorador científico e aventureiro no norte da África. Após anos de vida intensa e de toda a sorte de experiências, o vazio da sua alma revelou-se de maneira aguda e o derrubou (Deus agia na noite do seu coração). Voltou à França e estando em Paris, em 1886, sentiu um tremendo puxão interior que o impelia, mesmo descrente, a ir a uma igreja. «Comecei a ir à igreja sem ter fé. Experimentei que só me sentia bem lá, ficando longas horas a repetir essa estranha prece: “Meu Deus, se tu existes, faz com que eu te conheça”».
A graça da fé o invadiu e, um dia, com a ajuda do padre Huvelin, converteu-se e entregou-se totalmente a Deus, o Amor descoberto. Viveu bastantes anos, pobre, paupérrimo, desprendido de tudo, como monge eremita, exercendo a caridade no meio das tribos tuaregs do Sahara. Ninguém o acompanhou. Hoje, milhares de cristãos em todo o mundo o têm como mestre e padroeiro.
Agradecido pelo grande dom da fé, fazia esta oração: «Como és bom, meu Deus, como me guardaste, como me agasalhaste à sombra das tuas asas quando eu nem acreditava na tua existência! … Como estou feliz! Meu Senhor Jesus, tu puseste em mim esse amor por ti, tão terno e crescente, esse gosto pela oração, essa fé na tua Palavra, esse sentimento profundo do dever da caridade, esse desejo de imitar-te, essa sede de oferecer-te em sacrifício o melhor que eu puder dar-te… Como tens sido bom! Como sou feliz!
Neste começo do Ano da Fé, vamos examinar os porões da nossa alma. Alguns dos que leiam estas palavras talvez não tenham fé. Outros a temos, mas que espécie de fé é a nossa? Será que já experimentamos, como consequência da fé, aquela alegria que ninguém pode tirar (cf. Jo 16,22)? Não? Então a nossa fé é fraca, pobre ou doente: é ainda uma “fé-mendigo”, que deve pedir esmola como o cego de Jericó. Sendo assim pobres, façamos como os pedintes. Supliquemos com Bartimeu: “Jesus, tem piedade de mim…, que eu veja!”.
Esta é, realmente, a primeira coisa que precisamos fazer, porque a fé é um dom divino. Nestes começos do Ano da Fé, Bento XVI recorda-nos uma verdade que os catecismos já nos explicavam desde a nossa infância: «Perguntemo-nos – dizia o Papa na quarta-feira, 24 de outubro de 2012 –: de onde haure o homem a abertura do coração e da mente para acreditar no Deus que se tornou visível em Jesus Cristo, morto e ressuscitado, para acolher a sua salvação, de tal modo que Ele e o Seu Evangelho sejam guia e luz da existência? Resposta: só podemos crer em Deus, porque Ele se aproxima de nós e nos toca, porque o Espírito Santo, dom do Ressuscitado, nos torna capazes de acolher o Deus vivo. Quer dizer que a fé é, antes de tudo, uma dádiva sobrenatural, um dom de Deus». 
Acrescenta o Papa que «a fé é dom divino, mas é também ato profundamente livre e humano». Nesta meditação, ficaremos só na primeira parte: o dom de Deus; sobre a segunda – o que o homem, além de pedir, deve fazer – trataremos nas próximas meditações. Que eu veja! Tomara que nos decidamos a “querer”, a rezar, a pedir, ainda que seja com a oração descrente com que Foucauld começou. Os Salmos oferecem-nos muitas súplicas “prontas”, maravilhosas. Transcrevo agora, para concluir, apenas algumas que talvez o possam ajudar: 

Como a corça anseia pelas fontes das águas, assim minha alma suspira por ti, ó meu Deus. Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo! Quando irei ver a face de Deus? (Sl 41[42], 2-3).

– Escuta, Senhor, a voz da minha oração. Tem piedade de mim e ouve-me. Fala-te o meu coração; a minha face te procura. A tua face, ó Senhor, eu a procuro. Não escondas de mim o teu rosto (Sl 26[27], 7-9). – Tenha, Deus, compaixão de nós e nos abençoe. Faça resplandecer sobre nós a luz da Sua face! (Sl 66[67], 2).


Padre Francisco Faus
http://www.padrefaus.org



sexta-feira, 26 de abril de 2013

Palavras de Madre Tereza


O dia mais belo? Hoje.
A coisa mais fácil? Errar.
O maior obstáculo? O medo.
O maior erro? Abandono.
O maior mistério? A morte.
A pior derrota? O desânimo.
A raiz de todos os males? O egoísmo.
A distração mais bela? O trabalho.
Os melhores professores? As crianças.
A primeira necessidade? Comunicar-se.
O que mais lhe faz feliz? Ser útil aos demais.
O pior defeito humano? O mau humor.
A pessoa mais perigosa? A mentirosa.
O sentimento mais ruim? O rancor.
O presente mais belo? O perdão.
O mais imprescindível? O lar.
A rota mais rápida? O caminho certo.
A sensação mais agradável? A paz interior.
A proteção afetiva? O sorriso.
O melhor remédio? O otimismo.
A maior satisfação? O dever cumprido.
A força mais potente do mundo? A fé.
As pessoas mais necessárias? Os pais.
A mais bela de todas as coisas? O amor.

Madre Tereza de Calcutá


segunda-feira, 15 de abril de 2013

Meditação para jovens


Todas às quartas-feiras, no Centro Cultural Alfa, há uma meditação às 17:30hs, com o Padre Guilherme Ximenes, para moças a partir dos 14 anos. São meditações cujos temas passam pelas virtudes humanas e cristãs, portanto de grande valor para o nosso crescimento espiritual. 
O tema desta próxima quarta-feira será: Conhecer-se a si mesma
Se você for mãe e tem uma filha nesta idade e quiser conhecer, poderá participar junto com ela. Desde já, sejam bem-vindas!!!
Local: Centro Cultural Alfa - Rua Justino Cobra nº70 - Vila Ema
Fone: 3941-8242


sexta-feira, 5 de abril de 2013

A alegria de servir


Servir a Deus com uma alegria contagiante e um sorriso estampado no rosto; esta deveria ser sempre a nossa atitude, afinal de contas, com um sorriso amarelo e cara de poucos amigos, não conseguimos convencer a ninguém de que servi-Lo é a melhor coisa do mundo.
Uma das coisas que mais me encanta, é ver as crianças a serviço de Cristo. Tenho dois filhos, e eles são coroinhas, e eu fico toda boba vendo-os no serviço do Santo Altar. 
Basta olhar para outras mães, para ter a certeza de que não sou a única que age assim. E quanto menores são, mais a gente se encanta.
Nesta Semana Santa que passou, pude ver com grande alegria o serviço de muitos, que deixaram com certeza tantas coisas para trás, para poder estar do lado de Cristo. Imagino o coração de Deus saltitando de tanta felicidade, ao se ver rodeado de pequenos e grandes adoradores. Momentos únicos e marcantes, que deixam a alma lavada, revigorada, com  mais vontade ainda de lutar por Cristo. Ele é
digno e merecedor de todo o nosso esforço, trabalho e dedicação. E se é para Ele, fazemos sempre o melhor.
Eu sempre acho que podemos fazer mais por Deus, que poderia ter me esforçado mais, rezado mais J , vivido de um modo mais intenso este período tão rico que a Igreja nos proporciona.  E que bom que é assim, não é? Porque no dia em que eu achar que já fiz muito, estou perdida. 
Deus o abençoe!



sexta-feira, 29 de março de 2013

Pensamentos de um soldado romano


Realmente foram impressionante suas últimas palavras na cruz. Sempre que este homem falava aconteciam coisas estranhas, pois houve muita gente que foi curada por Ele. Mas a nós, soldados romanos, nos proibiam de falar destas coisas.
Eu estive parado junto a  esta cruz, mas na verdade não queria estar ali, porque sempre que me virava para ver a Jesus, seus olhos me fazia  sentir e pensar que eu deveria estar em  seu lugar. Ele não me via com ódio,pelo
contrário,  apesar do grande sofrimento que Ele padecia e de sua expressão de agonia, Ele me olhava com amor;  e eu não consigo entender porque ele dizia palavras como: "Pai, perdoa- os, porque não sabem o que fazem!"
E no meu interior eu dizia: Vamos, se tu es o filho de DEUS porque não
desces desta cruz? Porque se dizes que não conhecestes o pecado, mas morres pelos pecadores e os apresentas justos diante do Pai, quando creio que o único justo es Tu!
De repente me dei conta que o meu corpo começou a tremer porque parecia que Ele escutava meus pensamentos. E em meio ao seu corpo desfigurado, corria o sangue ele me dizia com seu olhar: "Filho, se eu não desço desta cruz,  é por amor  a ti!"





segunda-feira, 25 de março de 2013

A Paixão do Senhor


Entramos na Semana Santa, a Semana Maior da nossa Igreja. Vivemos um tempo particularmente forte e precisamos mergulhar de fato nesta paixão do Senhor por cada um de nós.
Jesus está no Horto do Getsêmani, eis que a hora se aproxima. Sente uma profunda tristeza e medo. Jesus sofre. Pede aos discípulos para que vigiem, orem, mas eles acabam adormecendo; adormecem porque ainda não amam muito o Senhor.
Quantas vezes nas nossas vidas também adormecemos e deixamos o Senhor sozinho. Quantas vezes o cansaço do dia nos abate e faz com que isto seja maior do que o amor que sinto por Ele, e não sou capaz de pronunciar uma oração? Meu Deus, como o nosso amor ainda é limitado.
Jesus sente uma grande necessidade de orar, e quando o faz é uma oração cheia de confiança: “Pai, se é possível, afasta de mim este cálice. Não se faça porém como eu quero, mas como Tu queres”. O que importa pra Jesus é fazer a vontade do Pai, mesmo que isto seja doloroso. Leva sobre si as nossas dores, os nossos pecados. Se hoje você sofre por algum motivo, olhe pra Jesus, una a sua dor a dor dEle. Ele jamais irá te desamparar.
Jesus então é traído por Judas, a quem chamava de amigo. O coração dele estava muito longe do Senhor, apesar de ter convivido com Ele. Não podemos seguir Jesus de longe, é preciso caminhar ao seu lado de verdade, porque do contrário, assim como Judas, nós também trairemos a Cristo.
Vemos agora Jesus sendo preso, e mesmo neste momento, ele faz de tudo para proteger aqueles que estavam ali com Ele. “Se é a mim que procurais, então deixai ir estes”. Jesus pensa em nós, não fica preocupado com Ele... E os discípulos fogem.
Jesus é levado, maltratado, cuspido, acusado e não há uma só voz para defende-lo. Pedro por 3 vezes o nega: “Não conheço este homem”. Você pode imaginar o sofrimento e a solidão de Jesus?
“Jesus fica só. O Senhor é flagelado, e não há ninguém para o ajudar; foi cuspido, e ninguém o amparou; foi coroado de espinhos, e ninguém o protegeu; foi crucificado, e ninguém o desprendeu. Encontra-se só diante de todos os pecados e baixezas de todos os tempos.”
Para ressuscitar com Cristo, é necessário antes sofrer e morrer na cruz com Ele. Sua morte parecia o fim de tudo, mas na verdade foi começo. Parecia ser a derrota, mas foi a vitória.
Não deixemos Jesus só; no momento em que for posto no colo de sua Mãe Maria, todo flagelado, ofereça também o seu colo. Diga apenas: Jesus, eu estou aqui, e eu te amo muito!
Uma Santa Semana a todos!
Deus o abençoe!



terça-feira, 19 de março de 2013

São José



Oh! glorioso São José, a quem foi dado o poder de tomar possíveis as coisas humanamente impossíveis, vinde em nosso auxílio nas dificuldades em que nos achamos.
Tomai sob a vossa proteção a causa que vos confiamos, para que tenha uma solução favorável.
Oh! Pai muito amado, em vós depositamos toda nossa confiança.
Que ninguém possa jamais dizer que vos invocamos em vão.
Já que tudo podeis junto a Jesus e Maria, mostrai-nos que vossa bondade é igual ao vosso poder.
São José, a quem Deus confiou o cuidado da mais santa família que jamais houve, sede o pai e protetor da nossa e impetrai-nos a graça de vivermos e morrermos no amor de Jesus e Maria.

São José, rogai por nós!


quinta-feira, 14 de março de 2013

Novo Pontífice


Habemus Papam!



Papa Francisco

Deus, Pastor e Guia de todos os fiéis, olhai com benevolência para o vosso servo o nosso Santo Padre, o Papa Francisco,  que quisestes colocar à frente de vossa Igreja. Concedei-lhe, nós Vos suplicamos, a graça de a edificar com suas palavras e seu exemplo. E que, desta maneira, chegue um dia à vida eterna com todos os que lhe foram confiados. Assim seja


quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Obrigada Papa Bento XVI


 
Hoje senti vontade como nunca, de agradecer a Deus pelo Papa Bento XVI.
No dia 11 de fevereiro quando falou que iria renunciar, me senti orfã, agoniada, só sabia dizer: E agora? Hoje, depois do susto, são suas próprias palavras que vão me dando forças, me traquilizando, devolvendo a paz.
            Em seu livro “A alegria da fé”, o Papa Bento XVI diz que, “a teologia da Cruz não é uma teoria: é a realidade da vida cristã. Viver na fé em Jesus Cristo, viver a verdade e o amor, implica renúncias diárias, implica sofrimentos. O Cristianismo não é o caminho da comodidade, mas sim uma escalada exigente, embora iluminada pela cruz e pela grande esperança que dele nasce. Diz Santo Agostinho: aos cristão não é poupado o sofrimento, pelo contrário, toca-lhes um pouco mais de sofrimento, porque viver a fé exprime a coragem de enfrentar a vida e a história com maior profundidade”.
            Neste tempo em que esteve a frente da Igreja, sabemos que ele passou por mares mais calmos e mais agitados e depois de muita oração, reconhecendo que já não tinha mais forças físicas e espirituais para continuar, com uma coragem e humildade enormes, renunciou, para o bem da Igreja. “Sempre soube que a barca da Igreja não é minha, não é nossa, mas do Senhor”, disse em sua última catequese. E se Deus quer assim, quem somos nós para dizer que não.


Obrigada Papa Bento XVI


Por toda a sua coragem, humildade e força nestes 8 anos de pontificado.


sábado, 23 de fevereiro de 2013

Espírito de firmeza


“Ó meu Deus, criai em mim um coração puro e renovai-me o espírito de firmeza!”


            Este é um clamor que deve ser constante nos nossos lábios. Quantas vezes na nossa vida, nos deparamos com situações que nos entristecem, nos aborrecem, nos jogam para o chão e nos deixa com um espírito fraco. Quantas vezes sentimos vontade desistir de tudo, e pensamos que tudo que estamos fazendo não está dando resultado e aí começamos a sentir Deus muito longe.
            Em primeiro lugar devemos ter em mente que o inimigo de Deus não descansa um só minuto na sua tarefa de nos levar contra Ele, por isso mesmo jamais devemos deixar de ser uma alma orante. Se o inimigo não descansa, eu também não devo “descansar” na minha oração. É preciso de verdade ter um espírito forte e decidido. Se me sinto fraco, busco ajuda, faço uma mortificação, exponho tudo isto ao meu diretor espiritual. Se não tenho, procuro um. O que não posso é deixar que isto me domine e me arraste pra um caminho contrário. Devo recordar constantemente, pois se sei que às vezes nos esquecemos, que somos filhos de Deus. O que o demônio mais quer é isto, que nos esqueçamos disto.
            Depois, se nos sentimos tristes devemos pensar que não estamos suficientemente perto de Deus. Podemos nos sentir tristes sim, com alguma situação, algo que aconteceu, porém momentaneamente. Permanecer assim é um perigo grande, leva a alma ao desânimo e quantas coisas ruins nascem daí.
            Procuremos estar sempre vigilantes e fazer esta pergunta: Será que o dia de hoje foi bom? Fiz coisas por Deus ou pela minha vanglória? Pois “quem procura Deus querendo continuar com seus gostos, procura-o de noite e, de noite não o encontrará.”
          O tempo da Quaresma que estamos vivendo agora, é um tempo de mudança e de esperança. Tenho deixado verdadeiramente Deus agir, mudar o meu coração ou ainda continuo agarrado a algumas coisas? Tenho vivido com espírito de firmeza ou tenho andado a titubear de um lado para outro. Ora estou bem, ora mal, ora animado, ora desanimado. Se tem sido assim, não se desanime, tem paciência com todos, mas principalmente com você mesmo. Recomece sempre!
            Se hoje você acordou, estar vivo, é mais uma oportunidade que Deus te dá para melhorar, recomeçar, aprender, ensinar, fazer diferente... Jamais pense ter feito muito. Só Deus fez muito por nós, aliás, fez tudo!
           Deus o abençoe!

     

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Por que o Papa Bento XVI renunciou?


                                               Non prævalebunt!

Na manhã deste dia 11 de fevereiro, memória de Nossa Senhora de Lourdes, fomos colhidos pela notícia espantosa de que o Santo Padre, o Papa Bento XVI, renunciou ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro.
Em discurso ao Consistório dos Cardeais reunidos diante dele, o Papa declarou que o faz "bem consciente da gravidade deste ato" e "com plena liberdade".
É evidente que a renúncia de um Papa é algo inaudito nos tempos modernos. A última renúncia foi de Gregório XII em 1415. A notícia nos deixa a todos perplexos e com um grande sentimento de perda. Mas este sentimento é um bom sinal. É sinal de que amamos o Papa, e, porque o amamos, estamos chocados com a sua decisão.
Diante da novidade do gesto, no entanto, já começam a surgir teorias fabulosas de que o Papa estaria renunciando por causa das dificuldades de seu pontificado ou que até mesmo estaria sofrendo pressões não se sabe de que espécie.
O fato, porém, é que, conhecendo a personalidade e o pensamento de Bento XVI, nada nos autoriza a arriscar esta hipótese. No seu livro Luz do mundo (p. 48-49), o Santo Padre já previa esta possibilidade da renúncia. Durante a entrevista, o Santo Padre falava com o jornalista Peter Seewald a respeito dos escândalos de pedofilia e as pressões:
"Pergunta: Pensou, alguma vez, em pedir demissão?
Resposta: Quando o perigo é grande, não é possível escapar. Eis por que este, certamente, não é o momento de demitir-se. Precisamente em momentos como estes é que se faz necessário resistir e superar as situações difíceis. Este é o meu pensamento. É possível demitir-se em um momento de serenidade, ou quando simplesmente já não se aguenta. Não é possível, porém, fugir justamente no momento do perigo e dizer: "Que outro cuide disso!"
Pergunta: Por conseguinte, é imaginável uma situação na qual o senhor considere oportuno que o Papa se demita?
Resposta: Sim. Quando um Papa chega à clara consciência de já não se encontrar em condições físicas, mentais e espirituais de exercer o encargo que lhe foi confiado, então tem o direito – e, em algumas circunstâncias, também o dever – de pedir demissão.
Ou seja, o próprio Papa reconhece que a renúncia diante de crises e pressões seria uma imoralidade. Seria a fuga do pastor e o abandono das ovelhas, como ele sabiamente nos exortava em sua homilia de início de ministério: "Rezai por mim, para que eu não fuja, por receio, diante dos lobos" (24/04/2005)."
Se hoje o Papa renuncia, podemos deduzir destas suas palavras programáticas, é porque vê que seja um momento de serenidade, em que os vagalhões das grandes crises parecem ter dado uma trégua, ao menos temporária, à barca de Pedro.
Podemos também deduzir que o Santo Padre escolheu o timing mais oportuno para sua renúncia, considerando dois aspectos:
Ele está plenamente lúcido. Seria realmente bastante inquietante que a notícia da renúncia viesse num momento em que, por razões de senilidade ou por alguma outra circunstância, pudéssemos legitimamente duvidar que o Santo Padre não estivesse compos sui (dono de si).
Estamos no início da quaresma. Com a quaresma a Igreja entra num grande retiro espiritual e não há momento mais oportuno para prepararmos um conclave através de nossas orações e sacrifícios espirituais. O novo Pontífice irá inaugurar seu ministério na proximidade da Páscoa do Senhor.
Por isto, apesar do grande sentimento de vazio e de perplexidade deste momento solene de nossa história, nada nos autoriza moralmente a duvidar do gesto do Santo Padre e nem deixar de depositar em Deus nossa confiança.
Peçamos com a Virgem de Lourdes que o Senhor, mais uma vez, derrame o dom do Espírito Santo sobre a sua Igreja e que o Colégio dos Cardeais escolha com sabedoria um novo Vigário de Cristo.
Nosso coração, cheio de gratidão pelo ministério de Bento XVI, gostaria que esta notícia não fosse verdade. Mas, se confiamos no Papa até aqui, porque agora negar-lhe a nossa confiança? Como filhos, nos vem a vontade de dizer: "não se vá, não nos deixe, não nos abandone!"
Mas não estamos sendo abandonados. A Igreja de Cristo permanecerá eternamente. O que o gesto do Papa então pede de nós, é mais do que confiança. É fé!
Fé naquelas palavras ditas por Nosso Senhor a São Pedro e a seus sucessores: "As portas do inferno não prevalecerão!" (Mt 16, 18).
Estas palavras permanecem inabaláveis através dos séculos!

Padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior
Diocese de Cuiabá

Fonte: Canção Nova




domingo, 3 de fevereiro de 2013

Quaresma



           
Quaresma é o período de penitencia e preparação para a páscoa. É a lembrança dos 40 dias e 40 noites que Cristo passou no deserto e também dos 40 anos que os Judeus caminharam até chegarem à terra Prometida.

O período da Quaresma corresponde aos quarenta dias anteriores à Semana Santa. Começa na Quarta-feira de Cinzas e vai até o Domingo de Ramos.

A quarta-feira de cinzas é o primeiro dia da Quaresma, as cinzas que recebemos na testa neste dia, é um símbolo para a reflexão sobre o dever da conversão, da mudança de vida. Uma das frases - no momento da imposição das cinzas - serve de lembrete para nós: “Lembra-te que do pó viestes e ao pó, hás de retornar.” A cinza quer demonstrar justamente isso; viemos do pó, e voltaremos para lá, mas, precisamos estar com os nossos corações preparados, com a nossa alma preparada para Deus.

É um tempo de muita conversão, de muita oração, de arrependimento, um tempo de voltarmos para Deus. Devemos nos preparar para o começo da Quaresma compreendendo o significado profundo das cinzas que recebemos. É um tempo para examinar nossas ações atuais e passadas e arrependermos-nos profundamente por nossos pecados. Só assim poderemos voltar nossos corações genuinamente para Nosso Senhor, que sofreu, morreu e ressuscitou pela nossa salvação. Além do mais esse tempo nos serve para renovar nossas promessas batismais, quando morremos para a vida passada e começamos uma nova vida em Cristo.

A Quaresma é tempo conversão, tempo de silêncio, de penitência, de jejum e de oração.
        
Nesse tempo santo, a Igreja católica propõe, por meio do Evangelho proclamado na quarta-feira de cinzas, três grandes linhas de ação: a oração, a penitência e a caridade.
            
As principais graças da Quaresma são: a conversão, a reconciliação e a partilha.

SIMBOLOS DA QUARESMA

São vários os símbolos e atitudes que acompanham esse tempo. Os mais importantes são:

A cor roxa: significa luto e penitência. A Quaresma se manifesta também no visual do espaço celebrativo, sóbrio. Por isso, nesse tempo, se evita enfeitar o altar com flores, para 4º domingo é permitido usar o rosa esta é a razão pelo qual a liturgia da igreja chama este domingo da Quaresma “domingo da alegria” Porque é a Páscoa do Senhor – sua paixão, morte e ressurreição – nos dá a certeza da vitória sobre a morte e o pecado.
Ausência de palmas e cantos de aleluia: Neste período também se recomenda á equipe de liturgia e canto, que preparem a celebração sem cantos que tragam a palavra “aleluia” ou que levem os paroquianos a baterem palmas, em sinal de um tempo de abstinência.
Ausência do rito de louvor: Também na liturgia das missas é retirado o canto de louvor, que vem logo após o rito penitencial, pelo mesmo motivo pelo qual não se batem palmas ou cantam-se louvores.
O jejum: É costume jejuar na Quaresma, ainda que ele seja válido em qualquer época do ano. A igreja propõe o jejum principalmente como forma de sacrifício, mas também como uma maneira de educar-se, de ir percebendo que, o ser humano mais necessita é de Deus. Desta forma se justifica as demais abstinências, elas têm a mesma função.


O percurso da Quaresma é acompanhado pela realização da Campanha da Fraternidade – a maior campanha da solidariedade do mundo cristão. Cada ano é contemplado um tema urgente e necessário.

A Campanha da Fraternidade é uma atividade ampla de evangelização que ajuda os cristãos e as pessoas de boa vontade a concretizarem, na prática, a transformação da sociedade a partir de um problema específico, que exige a participação de todos na sua solução. Ela tornou-se tão especial por provocar a renovação da vida da igreja e ao mesmo tempo resolver problemas reais.

Seus objetivos permanentes são: despertar o espírito comunitário e cristão no povo de Deus, comprometendo, em particular, os cristãos na busca do bem comum; educar para a vida em fraternidade, a partir da justiça e do amor: exigência central do Evangelho. Renovar a consciência da responsabilidade de todos na promoção humana, em vista de uma sociedade justa e solidária.
        

*Fontes diversas.